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SPP - Depressão ou tristeza?

Depressão ou tristeza? Os antidepressivos são uma opção segura?

A vida de um sobrevivente da poliomielite é marcada por resiliência. Mas mesmo os mais fortes enfrentam momentos de tristeza profunda, especialmente quando a Síndrome Pós Pólio (SPP) impõe limitações físicas e exige mudanças na rotina – como parar de trabalhar, usar bengala ou apoio, ou lidar com a fadiga constante.

A pergunta é: isso é tristeza ou depressão? E mais importante ainda: os antidepressivos são uma opção segura para quem teve pólio?

Este artigo oferece orientações práticas, baseadas em estudos do Dr. Richard Bruno, referência mundial em SPP, e tem como objetivo ajudar você a entender o que está sentindo e conversar com seu médico de forma mais segura e consciente.

Tristeza não é sempre depressão – mas pode se transformar

É natural sentir tristeza ao lidar com as perdas trazidas pela SPP. Aliás, como afirma o Dr. Bruno, seria estranho não sentir nada diante dessas mudanças. A tristeza faz parte do luto por uma vida que precisou mudar.

No entanto, a depressão clínica é algo mais profundo. Ela apresenta sintomas persistentes como:

  • Perda de interesse ou prazer pela vida
  • Distúrbios de sono (insônia ou excesso)
  • Fadiga intensa
  • Falta de apetite
  • Sentimento de culpa ou inutilidade
  • Dificuldade de concentração
  • Pensamentos negativos recorrentes

Atenção: muitos desses sintomas também são comuns na SPP. Por isso, o diagnóstico deve ser criterioso. É essencial que o médico descarte causas tratáveis, como:

  • Hipotireoidismo
  • Anemia
  • Apneia do sono

Quando o antidepressivo pode ajudar?

A maior parte dos sobreviventes da pólio melhora com psicoterapia. Porém, em casos de episódio depressivo maior, o uso de medicamentos pode ser necessário e seguro, quando bem indicado.

Os antidepressivos mais recomendados são:

ISRSs – Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina

Ex: Prozac, Paxil, Zoloft, Celexa

  • O que fazem: aumentam a serotonina, promovendo bem-estar.
  • Efeitos colaterais: podem causar insônia, náuseas e diminuição da libido, mas são mais leves do que os antidepressivos antigos.

Antidepressivos mais recentes (dupla ação)

Ex: Mirtazapina, Venlafaxina, Trazodona

  • O que fazem: aumentam serotonina e norepinefrina.
  • Benefícios para sobreviventes da pólio: além de atuarem na depressão, têm efeito sedativo e ajudam em casos de insônia associada à SPP ou à adaptação a dispositivos como BiPAP.
  • Nota importante: a combinação mirtazapina + venlafaxina pode ser útil em casos de depressão resistente.

O que evitar?

Medicamentos que atuam na dopamina

Ex: Wellbutrin (bupropiona), Ritalina, Adderal, Provigil

  • Por quê? Estimulam neurônios danificados pelo poli vírus, o que pode causar agitação, agressividade, e piora da fadiga cerebral.
  • Alerta: embora o Provigil seja usado por alguns pacientes, estudos mostram que não melhora a fadiga pós pólio – apenas os mantém acordados quando o corpo precisa descansar.

Um lembrete importante para seu médico:

Como muitos sintomas da SPP se confundem com os da depressão, o olhar clínico deve ser cuidadoso e personalizado. E mais: estudos mostram que sobreviventes da pólio com depressão não tratada tendem a recusar ou abandonar o tratamento da SPP.

Ou seja: tratar a depressão pode ser o primeiro passo para você retomar seus cuidados físicos, sua motivação e sua autonomia.

Prepare-se para a consulta: perguntas para levar ao médico

  • Estou apenas triste ou posso estar com depressão clínica?
  • Já investigamos possíveis causas físicas (tireoide, sono, anemia)?
  • A psicoterapia pode ser suficiente para mim neste momento?
  • Se eu precisar de antidepressivo, qual o mais indicado no meu caso?
  • Algum dos sintomas que estou sentindo pode ser efeito colateral de outro remédio?

Em resumo:

  • Tristeza é normal diante dos desafios da SPP. Depressão clínica é diferente e requer atenção médica.
  • Psicoterapia é eficaz e segura – e muitas vezes suficiente.
  • Antidepressivos modernos podem ajudar, especialmente os que atuam na serotonina e norepinefrina.
  • Evite medicamentos que mexem com a dopamina, pois podem sobrecarregar o cérebro já afetado pelo poli vírus.
  • Tratar a depressão é fundamental para que você possa cuidar bem de si e não desistir dos tratamentos físicos.

Você não precisa enfrentar isso sozinho. Buscar apoio psicológico e conversar com seu médico pode abrir uma nova janela de leveza e autocuidado em sua jornada como sobrevivente da pólio.

Se este artigo fez sentido para você, compartilhe com outros sobreviventes. Juntos, seguimos mais fortes.

Fonte:
https://polionetwork.org/archive/l0cryg2j7tadcvacarhkl4vyy30x4z

 

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