A Força da Gentileza: construindo pontes!
Muitos de nós, sobreviventes da pólio, crescemos com a necessidade de provar que somos fortes, capazes e independentes. Esse desejo, tão legítimo, muitas vezes nos leva a recusar ajuda — como se aceitá-la fosse sinal de fraqueza ou vulnerabilidade. No entanto, esse pensamento pode nos isolar e, sem perceber, nos afastar de quem mais nos ama.
O médico William DeMayo disse:
“De alguma forma, todos nós valorizamos a independência, e isso pode levar à sensação de solidão. Estou realmente enxergando o valor da interdependência.”
Essa ideia pode ser difícil de acolher, mas traz um convite poderoso: permitir que o outro participe da nossa vida não diminui nossa força. Pelo contrário, amplia.
Lembro de uma história simples da minha mãe. Ela costumava pedir sal emprestado ao vizinho, mesmo quando tínhamos bastante em casa. Quando perguntei por quê, ela respondeu:
— “Porque eles sempre nos pedem coisas, e eu quero que sintam que também precisamos deles. Nem sempre se trata do que você dá – às vezes, é deixar o outro sentir que também tem algo a oferecer.”
Com esse gesto, ela não estava pedindo apenas sal. Estava construindo conexão, confiança e dignidade mútua. Ela sabia que ninguém deveria se sentir envergonhado por precisar de ajuda.
Para nós, sobreviventes da pólio, essa lição é preciosa:
- Aceitar apoio não nos faz menos fortes, nos faz humanos.
- A verdadeira força está em reconhecer limites sem perder o brilho da autonomia.
- Relacionamentos saudáveis nascem quando entendemos que dar e receber caminham juntos.
O amor nem sempre é barulhento ou grandioso. Muitas vezes, se revela no gesto humilde de pedir ajuda — ou até mesmo no simples ato de aceitar que alguém nos ofereça um braço, uma carona, ou até um pouco de tempo.
Construir pontes é isso: abrir espaço para que a vida seja compartilhada. E, no fundo, não é isso que todos nós buscamos? Ser fortes, sim. Mas também, ser parte de algo maior.
A força não está apenas em resistir ou superar. Às vezes, ela se revela no gesto humilde de pedir ajuda — como quem pede “um pouco de sal”. Porque no fundo, o que mantém nossas pontes fortes não são as grandes conquistas, mas as pequenas trocas que alimentam a alma. Pense nisso!
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