SPP – Sim, eu tenho uma doença crônica!
“É uma condição crônica de saúde que afeta todos os dias da minha vida, a cada hora, a cada minuto…”
— Ryn Daughertry, sobrevivente da pólio
A frase acima expressa com força e sinceridade o que muitos sobreviventes da poliomielite sentem, mas raramente conseguem dizer em voz alta: a Síndrome Pós Pólio (SPP) é uma doença crônica. E viver com ela exige mais do que força física — exige coragem emocional, aceitação gradual e, acima de tudo, uma nova forma de se relacionar com o corpo e com o tempo.
Entendendo o que significa “doença crônica”
Chamar a SPP de condição crônica não é se vitimizar — é reconhecer a realidade e parar de lutar contra o próprio corpo. É saber que:
- Ela não vai embora de uma hora para outra;
- Ela afeta suas decisões todos os dias: onde você vai, quanto tempo fica em pé, como organiza sua rotina;
- Ela não define quem você é, mas está presente em tudo que você faz.
Os sentimentos são reais — mas não precisam comandar sua vida
Vergonha. Culpa. Constrangimento. Medo. Impaciência. Esses sentimentos surgem, principalmente em uma sociedade que valoriza produtividade acima do bem-estar. Mas como disse o próprio Ryn: “Esses sentimentos não me fornecem nada do que eu preciso.”
- Você não precisa se envergonhar por precisar de pausas.
- Você não é fraco por dizer “hoje não consigo”.
- Você tem o direito de reorganizar sua vida com base em suas necessidades reais.
Como lidar, na prática, com uma doença crônica como a SPP
Admita com coragem
Aceitar que se trata de uma condição permanente pode doer no início. Mas também liberta. É o primeiro passo para parar de se cobrar ou se forçar a manter padrões anteriores.
Dica prática: Diga em voz alta ou escreva: “Sim, tenho uma condição crônica. E tudo bem. Ainda posso viver plenamente dentro dos meus limites.”
Reorganize sua rotina com gentileza
A SPP pede pausas, economia de energia, planejamento de atividades e autocuidado constante. Não é fraqueza — é sabedoria.
Dica prática: Use a regra 20-20: Para cada 20 minutos de atividade física ou mental, permita-se 20 minutos de descanso consciente.
Fale com pessoas que entendem
Você não precisa carregar isso sozinho. Converse com outros sobreviventes, participe de grupos de apoio, leia relatos como o de Ryn — e compartilhe o seu, se quiser.
Trate o corpo com respeito — não como inimigo
A dor, a fadiga, as limitações… todas elas são mensagens do corpo pedindo cuidado. Ouça sem culpa. Responda com acolhimento.
Dica prática: Use tecnologias assistivas, adaptação do ambiente e fisioterapia especializada para manter sua autonomia com mais conforto.
Desfaça a guerra interna
Muitas vezes, a maior batalha não é com a doença, mas com os padrões irreais que mantemos dentro de nós: a ideia de que precisamos “provar” algo, de que temos que dar conta o tempo todo.
Viver com uma doença crônica é um aprendizado de vida
Não se trata apenas de gerenciar sintomas. Trata-se de reaprender a viver, com novos tempos, prioridades e significados. E isso é profundamente humano. A SPP, como qualquer condição crônica, nos ensina a desacelerar, escutar, escolher melhor — e a valorizar o que realmente importa. Você não está sozinho. E sua vida continua tendo valor, propósito e beleza — mesmo nos dias em que parecer difícil.
Para finalizar
“Admissão. Parece que lutei tanto contra tudo a vida toda… estou cansada disso.”
— Ryn Daughertry
A boa notícia é: você não precisa lutar o tempo todo. Você pode construir uma vida com mais leveza, apoio e consciência.
Aceitar não é desistir — é começar a cuidar de si de verdade.
Fonte:
https://polionetwork.org/archive/x2xdyb46q7riyu6rbw3mslgm7rbd0o