Como tratar insuficiência respiratória?
Os distúrbios ventilatórios na SPP afetam mais comumente, aqueles indivíduos que utilizaram ventilação mecânica na fase aguda da doença.
Os sinais e sintomas da disfunção respiratória podem incluir:
- Dispneia (falta de ar) de esforço e/ou em repouso;
- Dificuldade para realizar a higiene brônquica;
- Fadiga e sonolência durante o dia;
- Função cognitiva prejudicada (incluindo dificuldade de concentração);
- Fala entrecortada, ronco, ansiedade e cefaleia matinal.
A cefaleia matinal é indicativa de hipoventilação, cursando com hipercapnia (ventilação alveolar inadequada para o nível metabólico). Em geral, associa-se a um maior índice de apneia-hipopneia do sono (entende-se por apneia a interrupção completa do fluxo de ar através do nariz ou da boca por um período de pelo menos dez segundos e, por hipopneia, uma redução de 30% a 50% desse fluxo) e, PLM (Movimentos Periódicos das Pernas) na SPP.
Os usuários com SPP que desenvolvem apneia/hipopneia podem se beneficiar da pressão positiva em vias aeras (BIPAP) através da ventilação mecânica não-invasiva (VNI).
A VNI está indicada em caso de:
- Sintomas diurnos (fadiga, dispneia, cefaleia matinal), associados ao aumento da PCO2 ou a
redução da PO2, diurnos ou noturnos; - Apneia obstrutiva do sono.
A hipoventilação alveolar crônica é um importante fator limitante em pacientes com SPP. A hipoventilação produz hipoxia noturna (baixa concentração de oxigênio), que tem sido reconhecido como fator preditor de sobrevivência, independente da fraqueza muscular respiratória. Como em outras doenças neuromusculares, a VNI (ventilação mecânica não-invasiva ) tem sido reconhecida como fundamental no alívio dos sintomas respiratórios limitantes. Em situações de diminuição da Capacidade Vital Forçada, próximo de 50% do predito, já se recomenda introdução de terapia com respirador domiciliar não invasivo. Respeitando-se a autonomia do paciente, a assistência ventilatória não invasiva poderá ser feita sob máscara com aparelho de pressão positiva em dois níveis (BiPAP). O ponto crucial da assistência ventilatória é a sua introdução precoce que permite melhorar a qualidade e uma maior expectativa de vida de pacientes com SPP. Os ventiladores atuais são pequenos, portáteis e, relativamente, silenciosos, permitindo-se o seu uso até em atividades de vida diária, evitando-se muitas internações hospitalares ou em Unidades de Terapia Intensiva.
Fonte:
Esse artigo foi extraído do Manual de Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Síndrome Pós Poliomielite e Comorbidades. Editado pelo Ministério da Saúde do Brasil em outubro de 2016. O Manual completo pode ser acessado no link: https://institutogiorgionicoli.org.br/wp-content/uploads/2022/08/diretrizes-reabilitacao.pdf