O Que os Sobreviventes da Pólio Podem Aprender com as Doenças Raras?
Este artigo foi inspirado nas ideias apresentadas pelo Dr. Falcão Coutinho no II Simpósio Internacional no Porto, adaptado para a realidade de quem convive com as sequelas da poliomielite e com a Síndrome Pós Pólio (SPP).
O corpo é um sistema inteligente e interligado
O Dr. Falcão Coutinho destacou que, em muitas doenças raras, o diagnóstico vai além dos sintomas — ele nasce da observação global do corpo. Essa visão também se aplica aos sobreviventes da pólio: cada músculo, osso e nervo atua de forma integrada. Um pequeno desequilíbrio pode afetar o todo — da postura à respiração, da mastigação à concentração.
Aplicação prática: observe as pequenas mudanças no corpo. Dores, cansaço ou dificuldade de engolir não devem ser ignorados — mesmo que pareçam “menores”. Elas podem indicar um desequilíbrio funcional que merece ser investigado.
O papel do osso hioide e o equilíbrio global
Um ponto curioso abordado pelo médico foi o osso hioide, localizado na base da língua. Ele se move como uma “aranha na teia”, conectando músculos que influenciam o pescoço, a deglutição e até a respiração. Nos sobreviventes da pólio, onde há histórico de fraqueza muscular e assimetrias, o hioide pode ter papel importante nas dificuldades para engolir, falar ou respirar bem.
Aplicação prática: exercícios leves de fonoaudiologia e fisioterapia orofacial ajudam a manter a mobilidade do hioide e da musculatura cervical, melhorando a deglutição e o controle respiratório.
Pequenos ajustes, grandes efeitos
Dr. Coutinho ressaltou que qualquer alteração dentária ou postural pode mudar o equilíbrio do corpo e afetar o foco mental. Para quem vive com sequelas da pólio, isso é essencial: um sapato com sola irregular ou uma prótese mal ajustada pode gerar dores musculares, fadiga e até perda de concentração.
Aplicação prática: mantenha revisões periódicas com dentistas e fisioterapeutas especializados em postura e órteses. Corrigir desalinhamentos pode reduzir dores e melhorar o bem-estar geral.
O estresse nervoso e a autorregulação
Segundo o médico, o sistema nervoso regula todo o funcionamento do corpo. Se estiver sobrecarregado, pode causar hipofunção (fraqueza), hiperfunção (espasmos), disfunções ou inflamações. Nos sobreviventes da pólio, o sistema nervoso já passou por sobrecarga intensa no passado, e qualquer novo estresse pode reativar sintomas.
Aplicação prática: adote práticas que acalmem o sistema nervoso — como respiração diafragmática, meditação curta, banhos mornos e alongamentos leves. Isso favorece o equilíbrio e reduz crises de fadiga pós pólio.
Remover “obstáculos mecânicos” antes de tratar
O Dr. Coutinho enfatiza que antes de tratar sintomas, é preciso liberar bloqueios físicos — como tensões musculares, compressões nervosas ou desalinhamentos articulares. Esses bloqueios impedem a boa circulação e a troca celular, dificultando qualquer tratamento.
Aplicação prática: sessões regulares de fisioterapia motora, acupuntura ou osteopatia podem ajudar a “abrir caminho” para que o corpo volte a responder melhor aos tratamentos médicos e naturais.
Terapias regenerativas e o poder da energia celular
O médico também abordou terapias inovadoras como a proloterapia (injeções de glicose hipertônica para estimular regeneração celular) e a terapia neural (uso de procaína para equilibrar a função nervosa). Essas abordagens, embora ainda pouco difundidas, partem do princípio de que células “bem carregadas” têm mais energia para se defender de inflamações e infecções.
Aplicação prática: converse com seu médico sobre opções de reabilitação regenerativa e suplementos que apoiem a energia celular — como magnésio, vitamina D e boa hidratação.
Movimento e arquitetura do corpo: fluidez é força
O Dr. Coutinho comparou o corpo humano à arquitetura gótica: uma estrutura leve, flexível e resistente graças à tensegridade — o equilíbrio entre tensão e compressão. Nos sobreviventes da pólio, a rigidez e o medo do movimento podem agravar o desgaste muscular.
Aplicação prática: busque atividades que promovam movimento consciente e fluido, como hidroterapia, yoga adaptado ou fisioterapia em piscina aquecida. O movimento leve é o alimento das articulações.
Cuidar do corpo como uma estrutura viva e vibrante
O médico encerrou lembrando que a saúde não é ausência de sintomas, mas harmonia entre sistemas. Fatores como luz solar, nutrição, água de boa qualidade e ambiente emocional saudável são fundamentais para manter o corpo em equilíbrio.
Aplicação prática: cultive uma rotina de pequenos cuidados diários — alimentação natural, sono regular, leveza emocional e contato com a natureza.
Conclusão
A palestra do Dr. Falcão Coutinho reforça algo que os sobreviventes da pólio conhecem bem: o corpo fala, se adapta e busca o equilíbrio — mesmo depois de décadas. Cuidar da postura, da respiração e do sistema nervoso não é luxo: é estratégia de longevidade. As abordagens inovadoras discutidas abrem caminho para um novo olhar — mais integrativo, mais humano e mais próximo da verdadeira regeneração.
Fonte:
Resumo de [Dr. Falcão Coutinho, II SIP, II Simpósio Internacional de Portugal = Gondomar – Porto
https://www.youtube.com/watch?v=o1DVVcp0lb0&list=PL1ubl4u48nG2MhCwt2LJHb5ghKuYn4rDS&index=14

