Síndrome Pós Pólio x Sequelas da Pólio: Qual a diferença?

Muitos sobreviventes da poliomielite sentem mudanças no corpo com o passar dos anos — como cansaço, dor muscular ou fraqueza — e ficam em dúvida: isso é uma Síndrome Pós Pólio ou apenas uma sequela da pólio? Embora os dois termos estejam relacionados, não significam a mesma coisa. Entender essa diferença é essencial para buscar o tratamento correto e adotar os cuidados adequados.

O que são as Sequelas da Pólio?

O termo “Sequelas da Pólio” (ou Efeitos Tardios da Poliomielite) é o termo mais amplo e geral usado para descrever as consequências de ter contraído poliomielite.

• Definição Abrangente: O termo “sequela” significa simplesmente “a continuação de ter tido pólio”. Refere-se aos efeitos na saúde resultantes do dano causado pelo poliovírus e do esforço do corpo para funcionar por 40 anos ou mais após a infecção inicial.
• Variação Sintomática: As sequelas da pólio causam uma variedade de efeitos debilitantes na saúde, manifestando-se principalmente como sintomas biomecânicos e neurológicos. Indivíduos que vivenciaram a pólio podem apresentar apenas fadiga, apenas fraqueza muscular, apenas problemas respiratórios, ou todos os sintomas.
• Prevalência: Estima-se que até 70% dos sobreviventes da pólio tenham Sequelas da Pólio ou Efeitos Tardios da Pólio.

O que é a Síndrome Pós Pólio (SPP)?

A Síndrome Pós Pólio (SPP) é uma condição neurológica específica. Embora esteja dentro do escopo dos Efeitos Tardios da Poliomielite  a SPP é considerada uma condição nova e específica.

• Definição Específica: Diferentemente das sequelas em geral, que podem envolver qualquer sintoma residual, o termo “Síndrome requer um certo conjunto de sintomas específicos”. A SPP é uma desordem neurológica que geralmente acomete pessoas por volta dos 40 anos, pelo menos 15 anos após terem sido infectadas pelo vírus da poliomielite. A principal característica é a perda das funções musculares que permaneceram estabilizadas no intervalo entre a recuperação e o surgimento dos novos sintomas.
• Critérios Diagnósticos: Para que um sobrevivente da pólio seja diagnosticado com SPP, ele deve satisfazer critérios clínicos diagnósticos específicos. O diagnóstico da SPP é, em geral, um diagnóstico de exclusão. Isso significa que outras possíveis causas para os novos sintomas precisam ser eliminadas. Por exemplo, se um sobrevivente da pólio apresenta osteoartrite, o diagnóstico será osteoartrite, e não SPP.
• Sintomas Marcadores da SPP: A SPP é caracterizada por um conjunto de manifestações tardias, incluindo:
  • Nova fraqueza muscular ou fraqueza aumentada.
  • Fadiga crônica, incapacitante e intensa. A fadiga é frequentemente o sintoma mais incapacitante.
  • Dor nas articulações, ossos e músculos.
  • Atrofia muscular e diminuição da resistência muscular.
  • Intolerância ao frio e sintomas bulbares (problemas de deglutição/disfagia, disfunção vocal/disfonia, fala pouco clara/disartria).
• Prevalência: Apenas 25% a 40% dos sobreviventes da pólio vivenciam a Síndrome Pós Pólio, dependendo do estudo.

Em resumo

A diferença entre as duas condições está na natureza e no momento em que os sintomas aparecem:

Por que essa diferença importa?

Saber distinguir Sequelas da Pólio de Síndrome Pós Pólio é essencial para não confundir sintomas e evitar tratamentos inadequados. Enquanto as sequelas exigem reabilitação e manutenção funcional, a SPP pede cuidados de economia de energia, fisioterapia leve e acompanhamento médico contínuo para preservar a qualidade de vida.

Reconhecer essa diferença ajuda médicos e pacientes a cuidarem melhor do corpo e da mente, respeitando os limites e adotando estratégias que favorecem a autonomia, o descanso e a vitalidade.

Lembre-se: se você sente nova fraqueza, cansaço anormal ou dores que antes não existiam, procure seu médico de confiança. O diagnóstico correto é o primeiro passo para um tratamento eficaz e para manter sua qualidade de vida por muitos anos.

Fonte:
https://post-polio.org/living_with_polio/definitions/