Sobreviventes da Pólio, tem problema de memória?
Nossa pesquisa descobriu que sobreviventes da pólio com fadiga têm capacidade prejudicada de prestar atenção, e não memória prejudicada “. Dr. Richard Bruno, especialista em Síndrome Pós Pólio! Ele recomendou a leitura do artigo abaixo, para entendermos como o processo da memória funciona…
“Não faz muito tempo, quando eu estava com 40 e poucos anos, dirigi de Cape Cod para Cambridge, Massachusetts, e estacionei meu carro em uma garagem. Eu estava programado para dar uma palestra a alguns quarteirões de distância e esperava chegar mais cedo. Normalmente, eu tiro uma foto do número do andar ou da letra da linha sempre que estaciono em uma garagem. Mas preocupado com o atraso, saí correndo de lá sem tirar foto e, pior, sem registrar conscientemente onde havia estacionado.
Cheguei na hora, dei minha palestra de 45 minutos, respondi a perguntas e autografei livros. Quando voltei para a garagem, caminhei até onde pensei ter estacionado, mas meu carro não estava lá. Eu subia e descia rampas, ficando cada vez mais frustrado e sem esperança. Eu tinha certeza de que havia estacionado no quarto andar, mas talvez fosse no terceiro ou no quinto? E estacionei na seção A, B ou C? Nenhuma ideia.
Eu sabia que estava na garagem certa, mas isso é tudo. Eu estava prestes a relatar o roubo do meu carro quando me deparei com ele no 4B”. Aliviado, envergonhado e suando, quis colocar a culpa de toda a experiência na minha memória, mas a neurocientista em mim sabia que não era isso. Não consegui encontrar meu carro porque tinha uma memória horrível, amnésia, demência ou doença de Alzheimer – não consegui encontrar meu carro porque nunca prestei atenção onde o havia estacionado!
Se queremos nos lembrar de algo, acima de tudo precisamos notar. E perceber requer duas coisas: percepção (ver, ouvir, cheirar, sentir) e atenção! Sua memória não é uma câmera de vídeo, gravando um fluxo constante de todas as imagens e sons aos quais você está exposto – você só pode capturar e reter o que prestar atenção. E como você não consegue prestar atenção em tudo, será capaz de se lembrar de alguns aspectos do que está acontecendo e não de todos…
Digamos que você esteja em frente a uma árvore de Natal colossal e chamativa no Rockefeller Center em Nova York. Você capta as informações visuais – a forma, o tamanho, as cores das luzes – por meio de receptores chamados bastonetes e cones nas retinas dos olhos. Essas informações são convertidas em sinais que viajam para o córtex visual na parte de trás do cérebro, onde a imagem é processada e realmente vista. Ela pode então ser processada posteriormente em outras regiões do cérebro para reconhecimento, significado, comparação, emoção e opinião. Mas, a menos que você concentre sua atenção em ver esta árvore de Natal, os neurônios ativados não serão ligados e uma memória não será formada.
O principal motivo para esquecer o que acabou de ouvir, o nome de uma pessoa, onde você colocou o telefone ou se trancou a porta da frente ou não, é a falta de atenção. Mais tarde, você não conseguirá se lembrar do que está bem na sua frente se não prestar atenção a isso. Portanto, se queremos nos lembrar de algo, temos apenas que prestar atenção a isso.
Infelizmente, isso não é tão simples. Mesmo que não vivêssemos em uma época de grande distração, prestar atenção não é fácil para o nosso cérebro. Temos a tendência de prestar atenção – e, portanto, lembrar – o que achamos interessante, significativo, novo, surpreendente e deixamos de lembrar o resto.
Prestar atenção requer esforço consciente. Sua atividade cerebral padrão não está atenta. Seu cérebro desatento está zoneado, sonhando acordado, no piloto automático e cheio de pensamentos constantes e repetitivos. Você não pode criar uma nova memória neste estado. Se você quer se lembrar de algo, você tem que ligar seu cérebro, acordar, tornar-se consciente e prestar atenção.
Se você quiser melhorar sua memória, tente minimizar ou remover coisas que a distraem. Dormir o suficiente, meditar e um pouco de cafeína (não muito e nada 12 horas antes de dormir) são outros poderosos lutadores da distração e podem aumentar sua capacidade de prestar atenção e estabelecer memórias de longo prazo.
As pessoas da minha geração, regularmente se gabam da multitarefa como se fosse uma superpotência. Enquanto isso, a geração do milênio não vê problema em assistir Netflix enquanto usa o WhatsApp e fala com você. Mas há um problema com ambas as abordagens se você quiser se lembrar do que está fazendo e experimentando.
Então, da próxima vez que você não conseguir encontrar seu carro, faça uma pausa. E antes de acusar sua memória de falhar, antes de entrar em pânico e se preocupar com o mal de Alzheimer, pense: Para começar, prestei atenção onde estacionei meu carro?”
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