Pólio e Síndrome da Fadiga Crônica!
“Tive poliomielite com fraqueza na perna esquerda. Eu me recuperei e continuei uma vida normal até o início dos anos 1990, quando comecei a ter fadiga, palpitações cardíacas, pressão arterial baixa (especialmente depois de comer) e prisão de ventre. Meu médico deve considerar uma associação com as sequelas da poliomielite?”
Em nossa pesquisa com os Sobreviventes da Poliomielite, os neurônios do tronco cerebral danificados pelo poliovírus, controlam o nervo vago, que carrega comandos do tronco cerebral para ativar os músculos da garganta, esôfago, estômago e intestinos e também controla a frequência cardíaca e a pressão arterial. O dano a esse nervo, perturba o funcionamento normal do intestino e de acordo com nossa pesquisa, diarreia, colite, úlceras e constipação são seis vezes mais comuns em sobreviventes da pólio do que em não sobreviventes. E os sintomas que você descreve podem resultar de danos causados pelo poliovírus à atividade dos neurônios vagos do tronco cerebral que controlam a pressão arterial e a frequência cardíaca.
Por exemplo, pacientes pós pólio podem se sentir exaustos após uma refeição. Quando seus estômagos se enchem de comida, o vago é aparentemente superestimulado e provoca uma queda na pressão arterial e na frequência cardíaca, causando sensação de fadiga e, às vezes, palpitações. Sobreviventes da pólio também relataram outro problema: alimentos grudados na parte superior do esôfago, atrás do esterno. Achamos que isso se deve ao fato de o vago não estimular os músculos do esôfago a mover o alimento para baixo. Quando a comida fica presa, a irritação desencadeia um espasmo doloroso do músculo esôfago que também estimula o nervo vago, fazendo com que a pressão arterial caia e o batimento cardíaco diminua.
A relação entre fadiga, danos ao tronco cerebral e baixa pressão arterial liga os sobreviventes da poliomielite a outro grupo de pessoas muito cansadas: aqueles com Síndrome de Fadiga Crônica (SFC). Cerca de um quarto dos pacientes com SFC tem fadiga associada à baixa pressão arterial ou aumento da frequência cardíaca. Alguns pacientes com SFC relatam fadiga quando um banho quente faz com que a pressão arterial caia, assim como cerca de um terço dos sobreviventes da pólio.
Outros pacientes com SFC têm pés azuis, assim como nossos sobreviventes da pólio “pés da pólio”, sugerindo que o acúmulo de sangue nas veias das pernas contribui para a redução da pressão arterial. Sobreviventes da pólio devem consultar um médico para medir sua pressão arterial e frequência cardíaca deitados, sentados e – se possível – em pé. Sobreviventes da poliomielite que apresentam fadiga associada à queda da pressão arterial ou batimento cardíaco ou aceleração cardíaca precisam consultar um cardiologista que trata a pressão arterial baixa.
Meias de compressão, que empurram o sangue de volta para o coração, e medicamentos que aumentam o volume sanguíneo ou impedem o acúmulo de sangue nas pernas, podem ser úteis. Se a fadiga seguir as refeições, troque por refeições frequentes, pequenas e com alto teor de proteína que podem evitar que o estômago fique muito cheio, estimulando o nervo vago e reduzindo sua pressão arterial!
Fonte:
https://www.poliosa.org.au/news/2019/polio-amp-chronic-fatigue-syndrome