Atividade Física: Fator de Risco ou Fator de Proteção?
A prática de exercícios físicos por sobreviventes da poliomielite é um tema que desperta debates entre especialistas. Enquanto alguns estudos apontam os exercícios como fundamentais para prevenir contraturas, manter a força física e reduzir a fadiga, outros alertam para os riscos de sobrecarga e progressão da fraqueza muscular, especialmente em pessoas com Síndrome Pós Pólio (SPP). A controvérsia está no equilíbrio entre os benefícios e os riscos, considerando a vulnerabilidade dos neurônios motores que já foram afetados pelo vírus da poliomielite. Para esses indivíduos, a escolha da intensidade, do tipo de exercício e da abordagem terapêutica deve ser cuidadosamente avaliada. Este texto explora os principais fatores, cuidados e tipos de exercícios que podem ser realizados para promover qualidade de vida e minimizar os riscos associados.
Fatores Principais de Risco
Sobrecarga Neuromuscular:
- 
- Durante a infecção aguda, o vírus lesa os neurônios motores, e as unidades motoras remanescentes assumem maior carga de trabalho. Esse mecanismo de compensação pode levar à degeneração progressiva e à falência dessas unidades motoras ao longo do tempo, contribuindo para a SPP.
- A teoria do supertreinamento sugere que o excesso de atividade física sobrecarrega essas unidades motoras, resultando em fraqueza muscular progressiva.
 
Síndrome Pós Pólio (SPP)
- 
- Lesões residuais graves, acometimento de músculos respiratórios e bulbares, e infecção em idades mais avançadas são fatores associados ao desenvolvimento precoce da SPP.
- Estilo de vida inadequado, com excesso de uso ou desuso muscular, também pode contribuir para a progressão da síndrome.
 
Importância da Prescrição Personalizada:
- 
- Programas de exercícios devem ser adaptados para atender às necessidades e limitações individuais, evitando riscos à saúde.
 
Cuidados Necessários
Evitar Sobrecarga e Fadiga Muscular:
- 
- Atividades intensas devem ser evitadas, priorizando exercícios de baixa a moderada intensidade.
- Acompanhamento profissional é indispensável para ajustar a frequência e intensidade das atividades.
 
Adaptações Ambientais e Arquitetônicas:
- 
- Ambientes devem ser acessíveis e seguros, especialmente para atividades aquáticas.
- A temperatura da água em hidroterapias deve ser mantida entre 31°C e 33°C para conforto e eficácia.
 
Prevenção de Lesões e Sobrecarga:
- 
- Priorizar alongamentos, técnicas de relaxamento e exercícios que não exijam esforço excessivo.
- Atenção especial às articulações, músculos e áreas mais vulneráveis.
 
Estilo de Vida Controlado:
- 
- Adotar um ritmo de vida calmo e equilibrado, respeitando os limites do corpo e evitando atividades de alto impacto.
 
Tipos de Exercícios Indicados
Exercícios Aeróbicos de Baixa Intensidade:
- 
- Caminhadas leves, pedalar em bicicletas ergométricas e atividades recreativas leves para ajudar a manter a força muscular.
 
Exercícios em Ambiente Aquático:
- 
- Hidroterapia e Natação Adaptada: Indicadas para melhorar resistência muscular, condicionamento físico, postura e alívio de dores. Flutuadores e equipamentos podem ser usados para apoio.
- Alongamentos na água e massagens relaxantes complementam o cuidado.
 
Exercícios de Flexibilidade e Localizados:
- 
- Alongamentos regulares ajudam a prevenir contraturas e câimbras.
- Exercícios de resistência com cargas leves para fortalecer sem sobrecarregar.
 
Atividades Recreativas e Jogos Cognitivos:
- 
- Esportes adaptados e jogos de mesa, como xadrez e dominó, promovem lazer e estímulo mental.
 
Tratamento e Controle da Dor:
- 
- Exercícios localizados, aliados a técnicas como compressas quentes ou frias, acupuntura e uso de órteses.
 
Conclusão
A prática de exercícios físicos por sobreviventes da poliomielite deve ser encarada com cautela e planejamento. Os benefícios da atividade física como fator de proteção são claros, mas somente quando realizada dentro de limites seguros e sob supervisão profissional. Um programa bem elaborado pode prevenir complicações, promover saúde e melhorar significativamente a qualidade de vida desses indivíduos, respeitando suas condições únicas e necessidades específicas.


 
												
 
												
 
												
