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Por que me sinto tão sozinho!

Por que me sinto tão sozinho?

Uma reflexão para sobreviventes da poliomielite (e outras doenças crônicas)

“Já ouvi dizer que sobreviventes da poliomielite frequentemente se sentem sozinhos. Por que será que isso acontece? Será que outras pessoas com doenças crônicas também se sentem assim? E por que nós, como grupo, carregamos tanto essa sensação?” — essa é uma pergunta que muitos de nós já se fizeram em silêncio. Às vezes, é difícil permitir que as pessoas se aproximem. Não sabemos exatamente por quê. Há algo invisível, mas muito real, que ergue muros dentro de nós.

Segundo William Montgomer, terapeuta especializado em aconselhamento para pessoas com doenças crônicas e sobreviventes da pólio, a solidão é uma realidade comum — mesmo quando se está cercado de pessoas. E isso faz sentido. Ele explica:

“Imagine que algo pesado caiu no seu pé. A dor é sua. Um amigo pode até estar ao seu lado, oferecer apoio, mas ele não consegue sentir exatamente o que você está sentindo. Existe, aí, um elemento de solidão. Eles não entendem completamente.”

Além da dor física, vem o medo: Será que vou conseguir andar de novo? Quanto tempo isso vai durar? Danifiquei algo irreversível?
Essas perguntas geram ansiedade. E com ela, surgem sentimentos de impotência, desesperança e… solidão.

Agora, acrescente um elemento crônico — algo que permanece, que parece eterno. Isso pode abrir espaço para emoções mais profundas e difíceis: desânimo, insegurança, tristeza… e um afastamento gradual das pessoas e da própria vida. Essas emoções influenciam diretamente nossa forma de pensar, de agir, de fazer planos. Elas afetam nossos relacionamentos, nossa vontade de viver e até mesmo nossa identidade.

Mas então… o que fazer?
Como sair desse lugar mental de impotência e isolamento?

Montgomer responde com firmeza:

“Recuse-se a se sentir desamparado. Sempre há algo que você pode fazer.”

E ele conta uma história simbólica:
Certa noite, ao sair do escritório, encontrou uma jovem tentando abrir a porta de um quarto. Estava nervosa. Como ele conhecia o prédio se dispôs a ajudá-la.  Ela colocava a chave na porta e não conseguia abri-la, tentou outras e nada, achou que tinha perdido a chave e perguntou se ele não tinha visto uma chave perdida no corredor…   Com calma, ele pegou as chaves e experimentou exatamente a que ela estava tentando e a porta abriu! Quando ele mostrou que aquela chave abria a porta, ela disse, surpresa: “Que irônico! A chave estava comigo o tempo todo…” O que ele quis mostrar com essa breve história?

Essa é a metáfora mais poderosa: muitas vezes carregamos a chave para sair da solidão, do medo, da tristeza — mas não percebemos. Sentimo-nos presos, sem saída, quando na verdade, há sim algo que podemos fazer!

Pequenas chaves que abrem portas:

Para quem convive com dor crônica, limitações físicas ou sentimentos de isolamento, aqui vão sugestões simples e eficazes que podem ajudar a virar essa chave:

  • Faça contato com outro sobrevivente da pólio (ou grupo de apoio): Compartilhar experiências com quem entende de verdade cria laços e dissolve a sensação de solidão.
  • Escreva um diário de emoções: Anotar como você se sente ajuda a dar nome ao que está por dentro, e isso diminui o peso que se carrega em silêncio.
  • Se ofereça para ajudar alguém – mesmo com uma ligação, um conselho, um gesto simples. Ajudar é terapêutico e resgata o senso de valor pessoal.
  • Crie uma rotina com algo prazeroso: Uma música que goste, uma leitura, jardinagem, artesanato. Atos simples podem reacender o entusiasmo.
  • Peça ajuda de forma clara: Amigos e familiares muitas vezes querem ajudar, mas não sabem como. Dizer “hoje estou precisando conversar” já é um começo.
  • Faça parte de uma comunidade online: Se a locomoção é difícil, busque fóruns, grupos no WhatsApp ou redes sociais voltadas para pessoas com condições semelhantes à sua.
  • Pratique a autocompaixão diariamente: Fale consigo mesmo como falaria com um grande amigo — com carinho, incentivo e respeito.

Conclusão
Sentir-se sozinho, por vezes, é inevitável. Mas permanecer nessa sensação como se fosse o único caminho… não é necessário. Há sempre uma chave — ou várias — em nossas mãos. Você não está sozinho. E pode começar hoje mesmo a descobrir suas próprias chaves.

Fonte:

https://static1.squarespace.com/static/624f0f6348a24f307d1f3417/t/684f12e5a3e3b7049a9f35f0/1750012645947/June+2025+Update.pdf

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