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SPP o Paradoxo!

SPP: O paradoxo do Sobrevivente da Pólio!

Aposto que você já ouviu falar que os sobreviventes da pólio são pessoas do “Tipo A”: determinadas, implacáveis, aceleradas, pressionadas pelo tempo e perfeccionistas. Mas… você sabe de onde vem essa fama? Prepare-se, porque a explicação vai muito além de um simples rótulo!

Quando, em 1982, realizamos nosso primeiro estudo sobre a Síndrome Pós Pólio (SPP), percebemos algo impressionante. Os participantes – muitos em cadeiras de rodas motorizadas – não só tinham ensino superior, como mestrados, doutorados e carreiras brilhantes. Eles eram executivos, médicos, advogados, professores, políticos… Pessoas que superaram não apenas a pólio, mas também todas as expectativas que um dia lhes disseram ser impossíveis.

Sobreviventes da pólio não são apenas resilientes. Eles se tornaram, de fato, os melhores e mais brilhantes!

Mas esse sucesso não veio sem custo. Logo ficou claro que havia um padrão: a maioria carregava os traços da chamada Personalidade Tipo A — aquela que, originalmente, foi associada ao desenvolvimento de doenças cardíacas. São pessoas movidas pela urgência, hipercompetitivas, auto cobradoras, perfeccionistas, que colocam as necessidades dos outros muito acima das próprias. Quando, em 1985, realizamos nossa Pesquisa Nacional Pós Pólio, os dados foram assustadores. Sobreviventes da pólio apresentavam 50% mais comportamentos do Tipo A do que pessoas sem deficiência, até mesmo mais do que pacientes que já haviam sofrido infartos. E mais: quanto mais características Tipo A, maiores os relatos de dores, fadiga e sintomas agravados da SPP.

Por quê? Porque a pólio, além de deixar marcas físicas, também criou o terreno psicológico perfeito para gerar esse comportamento:

  • Falta de apoio social na infância.
  • Baixa autoestima.
  • Medo constante de punição e fracasso.

Nossa pesquisa internacional de 1995 trouxe um dado estarrecedor: sobreviventes da pólio relataram 94% mais abuso emocional e 34% mais abuso físico do que pessoas sem deficiência. Aprenderam desde cedo que ser forte, não demonstrar fraquezas e nunca falhar era questão de sobrevivência emocional e social. Por isso, muitos jogaram fora suas muletas, bengalas e cadeiras de rodas – não para se sentirem bem, mas para parecerem “normais”. E é essa mesma resistência que hoje faz com que tantos relutem em aceitar a Bi-Pap, aparelhos, apoios ou tecnologias assistivas, mesmo quando sua saúde depende disso.

Em nossa pesquisa, uma frase se tornou simbólica:

“Os sobreviventes da pólio não são só Tipo A, somos Tipo T… Fazemos tudo, para todos, o tempo todo.”

E isso revela o maior paradoxo: essas pessoas, que venceram a pólio, a deficiência, o preconceito e os abusos, agora duvidam se conseguirão sobreviver à SPP! A verdade é que a mesma força que os tornou admirados e bem-sucedidos, hoje pode ser o que mais pesa. Viver tentando parecer invencível cobra um preço.

Por isso, mais do que nunca, a psicoterapia é uma aliada fundamental. É ela que ajuda a curar não apenas as sequelas físicas, mas também as emocionais. É ela que mostra que não é mais necessário carregar o peso do mundo nas costas. Se você é um sobrevivente da pólio, guarde estas palavras. Escreva, leia todos os dias, repita quantas vezes for preciso:

“Eu sou um SOBREVIVENTE.
Eu venci a pólio.
E também posso vencer a SPP.”

Fonte:
https://polionetwork.org/archive/smy7bewi6u0eliulylst2sv0z1twe4

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